Resolução russa contra ataque na Síria é derrotada no Conselho de Segurança

SILAS MARTÍ
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) - Em reunião no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) no dia seguinte à ofensiva aérea contra a Síria liderada pelos Estados Unidos, a embaixadora americana no órgão internacional, Nikki Haley, disse que seu país “está armado e pronto para disparar” caso o regime do ditador Bashar al-Assad continue a usar armas químicas.
Lembrando o discurso do presidente Donald Trump, na véspera, ela disse que seu país está “preparado para manter a pressão” sobre a Síria caso seu suposto uso de armas químicas continue. “Quando o nosso presidente estabelece uma linha vermelha, ele respeita essa linha”, afirmou.
O encontro na manhã seguinte ao ataque foi convocado a pedido de Moscou, que queria aprovar uma resolução no órgão condenando o ataque coordenado por Washington, Londres e Paris como violação da lei internacional e dos estatutos da ONU.
No final do encontro, a resolução defendida por Moscou foi derrotada no Conselho de Segurança. Só Rússia, China e Bolívia votaram com o Kremlin, enquanto oito países foram contra e outros quatro se abstiveram da decisão —a medida precisava de nove votos para aprovação.
O ataque à infraestrutura de produção de armas químicas da Síria envolveu os EUA, o Reino Unido e a França, que alegam terem provas de que Assad, de fato, usou armas químicas contra civis numa operação militar em Duma, um subúrbio de Damasco, no início deste mês, que acabou com a morte de 42 pessoas.
Há semanas, os membros do Conselho de Segurança da ONU vêm discutindo o uso de armas químicas pela Síria, mas a Rússia, que também integra o órgão, vetou tentativas de investigar se Assad usava ou não essas armas.
O embaixador russo no órgão internacional, Vassily Nebenzia, abriu a reunião dizendo que os EUA agiram sem provas e que “choram lágrimas de crocodilo” pelos civis, acrescentando que a ação militar teve um “desdém cínico” pelas normas internacionais.
“Os Estados Unidos pioram uma situação já catastrófica para os civis e agradam terroristas”, disse o representante russo. “A atual escalada pode levar a uma nova espiral de violência na Síria e em todo o Oriente Médio.”
Haley, a embaixadora americana, rebateu as afirmações russas logo na sequência, dizendo que Moscou faz uma “campanha de desinformação”, mas seus “atos desesperados não podem mudar os fatos”. Ela disse ainda que os EUA foram forçados a agir porque os russos bloquearam esforços por via diplomática.
Ela também usou palavras semelhantes às usadas pelo Pentágono na descrição do ataque, lembrando que a estratégia americana na Síria não mudou. Esse foi, nas palavras dela, um “ataque justo, legítimo e proporcional”.
Karen Pierce, a embaixadora britânica na ONU, também usou termos semelhantes e condenou os repetidos bloqueios da Rússia a tentativas de usar canais diplomáticos para combater o uso de armas químicas pela Síria.
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