Estudo da Agência Nacional de Águas aborda uso da água no setor industrial
Na estimativa nacional de usos consuntivos da água, a indústria de transformação representa o terceiro maior uso, atrás do abastecimento humano urbano e da agricultura irrigada. Em função disso, a Agência Nacional de Águas (ANA) tem procurado manter atualizada a informação de uso da água no setor e concluiu o estudo Água na Indústria: Uso e Coeficientes Técnicos, que mapeia a demanda da indústria de transformação no Brasil. O objetivo do relatório é atualizar as informações sobre uso da água do setor para subsidiar o planejamento e a gestão de recursos hídricos como, por exemplo, a elaboração de planos de bacia e a emissão de outorgas de direito de uso da água. O estudo revela que os setores de fabricação de alimentos; bebidas; papel, celulose e produtos de papel; metalurgia; produtos químicos e biocombustíveis são responsáveis por 85% da retirada de água e por 90% do consumo do recurso pela indústria da transformação.
Atualmente, o Brasil é um dos países mais industrializados do mundo, sendo o setor responsável, em 2015, pela geração de R$ 1,3 trilhão em divisas, o que corresponde a 22,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, os dados de dois anos atrás apontam que os 512.436 estabelecimentos industriais foram responsáveis pelo emprego de mais de 10 milhões de trabalhadores e contribuíram com cerca de 40% das exportações realizadas. A intensificação e maturidade do setor faz com que o Brasil possua um enorme e variado parque industrial, que produz desde bens de consumo à tecnologia de ponta.
A maior concentração de indústrias no Brasil está no Sudeste, sobretudo em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde há parques industriais modernos e diversificados, com destaque à indústria química e automobilística. No Sul, destacam-se as agroindústrias que focam no beneficiamento e transformação de produtos primários. O perfil da atividade industrial na região Nordeste é vinculado à produção têxtil e ao setor sucroenergético. Norte e Centro-Oeste possuem menor concentração industrial, com maior relevância para as agroindústrias. Nacionalmente os setores mais expressivos, com 60% do valor da produção industrial total são: alimentos e bebidas (21%), derivados de petróleo e biocombustíveis (11%), químicos (10%), veículos automotores (9%) e metalurgia (6%).
O estudo apontou um crescimento expressivo da demanda hídrica industrial nos últimos anos, acompanhando a conjuntura econômica do País. As vazões de retirada estimadas em 2013, pico do período analisado com 207,1 m³/s, foram 70% superiores às vazões de 2002. A queda na atividade industrial brasileira em 2014 e 2015, porém, foi refletida na redução da demanda hídrica, quando as vazões de retirada totais foram de 192,41 m³/s, queda de 7,1% em relação ao ano de 2013. A vazão consumida foi estimada em 104,92 m³/s, equivalente a aproximadamente 55% do total retirado. As maiores demandas estão localizadas no Sudeste e, juntas, as regiões Sudeste, Sul e Nordeste foram responsáveis por 85% da demanda de água do setor no Brasil. As maiores demandas para retirada estão em São Paulo (59,71 m³/s), Minas Gerais (17,95 m³/s), Paraná (16,45 m³/s), Alagoas (10,89 m³/s), Pernambuco (10,32 m³/s) e Rio Grande do Sul (10,05 m³/s).
Para a obtenção dos coeficientes do estudo foi utilizada a base de dados do Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos. (CNARH/ANA). Na falta de dados sobre a demanda regional por água, as demandas hídricas em base municipal foram determinadas com a aplicação dos coeficientes aos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), onde consta o número de empregados por tipologia industrial por município. Assim, foi possível determinar a retirada e o consumo de água diária em litros por empregados.
A Agência Nacional de Águas é responsável pela produção e atualização de informações sobre o balanço hídrico nacional, ou seja, sobre a relação entre a disponibilidade e a demanda de água para os usos dos diferentes setores usuários, subsidiando a tomada de decisão e as análises de risco visando a garantir os usos múltiplos e a segurança hídrica. Este ano a Agência concluiu o levantamento Cana-de-Açúcar Irrigada na Região Centro-Sul do Brasil. No ano passado, junto com a Embrapa Milho e Sorgo, foi divulgado o levantamento Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais no Brasil e até o final deste ano estão previstas a publicação dos estudos: Atlas Agricultura Irrigada e Recursos Hídricos, e Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas.
O Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH) também disponibiliza resultados do estudo através de mapas interativos e metadados na seção de Usos da Água (http://www.snirh.gov.br/snirh/snirh-1/acesso-tematico/usos-da-agua).
Texto:ASCOM/ANA
Foto: Raylton Alves / Banco de Imagens ANA
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