Enfermeiro 'suspende' passeios para preservar ninho de beija-flor em carro
Abrigo foi construído em para-choque de caminhonete Ford F-75. Veículo está em garagem no Jardim Aviação, em Presidente Prudente.
Foi sob o para-choque da “brilhosa”, como é chamada a caminhonete Ford F-75 do enfermeiro nefrologista Hélio Almeida Moreira, de Presidente Prudente, que uma beija-flor-tesoura se sentiu segura para construir um lar para sua família. O veículo, estacionado em um imóvel no Jardim Aviação, agora está com os passeios suspensos, já que o proprietário decidiu respeitar a natureza e aguardar os dois filhotes que vêm por aí.
O enfermeiro nefrologista Hélio Almeida Moreira relatou ao G1 que ficou um período viajando e, com isso, o veículo permaneceu parado na garagem. Na volta, ele foi preparar a caminhonete para o fim de semana, já que a usa somente para passeio neste período, e houve uma “movimentação” diferente. “Quando funcionei a caminhonete, ela [beija-flor] ficou rondando e ‘defendendo’ o território dela. Então, pensei que poderia ter algo referente a ninho por ali”, relatou.
Com as “investidas” da beija-flor, Moreira lembrou que o local já tem um “histórico” de construção de ninho. “Tem um perto de uma porta, que foi abandonado”, disse ao G1. O enfermeiro comentou que abaixo do veículo surgiram umas “sujeirinhas”. Foram limpas, mas voltaram a aparecer. Ao recordar o episódio, ele foi verificar a parte de baixo do veículo e localizou o abrigo da ave.
Após a descoberta, o enfermeiro optou por manter o Ford F-75 parado por mais um tempo. “Vamos respeitar esse ciclo”, afirmou. “A gente está contente por esta situação. Vai ficar parada por uma boa causa. É para ela ter os filhotes com tranquilidade”, disse Moreira. Segundo ele, não haverá problema, pois tem outro veículo para usar.
Para que tudo corra bem, Moreira ainda contou que está deixando o local o mais preservado possível. “Não deixamos mais carros irem até lá e a circulação de pessoas é feita com cuidado para que ela não abandone o ninho”.
‘Interessante’
O biólogo Luiz Waldemar de Oliveira relatou ser a primeira vez que vê um ninho neste local e que achou “interessante” a situação. “Já tinha visto em fios e, no ambiente natural, em galhos bem finos, que são onde ela costuma confeccionar o seu ninho, mas utilizar o para-choque de uma caminhonete em uma área urbana foi muito diferente de ver”, explicou.
Entre as quatro espécies de beija-flor que podem ser encontradas na cidade, o biólogo contou que esta é a “tesoura”, bastante comum na região.
Segundo ele, há um fator que atrai o beija-flor àquele local. “Ela está se aproveitando de uma espécie de árvore que tem bem em frente à residência, que é uma monguba. Então, ela tem o alimento necessário nas flores e, pelo que pude observar, utilizou para confeccionar o ninho o material das flores, e também tinta que tirou das paredes da residência”, observou.
“Ela se adaptou muito bem à situação, utilizando até material fabricado pelo homem, que é a tinta, além do material natural”, acrescentou o biólogo.
Este não foi o primeiro ninho construído no local. Porém, o outro, que contém um ovo, acabou abandonado.
“Pelo que observamos, o primeiro ninho ficou em local de trânsito intenso de pessoas, então, ela fez a postura de um ovo e se sentiu incomodada pela movimentação, abandonou o ninho daquele ovo e achou um local muito escondido para fazer outro ninho bem protegido”, explicou.
Fonte: Globo Natureza
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