Histórico sobre os serviços de saneamento no Brasil
O primeiro indício de saneamento no Brasil foi registrado em 1561, na cidade
do Rio de Janeiro. Nessa data, foi escavado, por Estácio de Sá, o primeiro poço
para o sistema de abastecimento de água. Posteriormente, em 1673, iniciaramse
obras de adução de água para a cidade, concluídas em 1723. Em 1746,
foram inauguradas linhas adutoras para os conventos de Santa Tereza, e da
Luz. Em São Paulo, o primeiro chafariz público foi construído em 1744 e em
1842 foi realizado o primeiro projeto de adução e distribuição de água para a
cidade (TSUTIYA, 2006). Perceba que no Brasil colônia, poucas eram as ações
de saneamento básico, resumidas, em sua grande parte, a ações individuais,
como as citadas acima, drenagem de terrenos e instalação de chafarizes.
A organização dos serviços de saneamento ocorreu
apenas no final do século XIX. Nessa época, as
províncias concederam o serviço de saneamento
às companhias estrangeiras, principalmente
inglesas (INSTITUTO SOCIEDADE, POPULAÇÃO
E NATUREZA, 1995). Foi dado início, pelo governo
de São Paulo, a construção do sistema Cantareira
de abastecimento de água encanada em 1857,
concluído em 1877, após contrato firmado com a
empresa Achilles Martin D’Éstudens.
As empresas estrangeiras não conseguiram
prestar serviços de qualidade, passando o governo
brasileiro, no começo do século XX, a estatizar os
serviços de saneamento. Foi então que, a partir de
1940, iniciou-se a comercialização dos serviços de
saneamento. Nesse período, surgiram as autarquias
e mecanismos de financiamento para o abastecimento de água, sob a
influência do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), hoje denominada
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) (LUCENA, 2006).
Em 1971, foi criado o Plano Nacional de Saneamento (PLANASA) (BRASIL,
1975), que consolidou os valores de autonomia e autossustentação que
Nas cidades de Porto Alegre e
Rio de Janeiro, os sistemas de
abastecimento de água encanada
foram concluídos em 1861 e 1876,
respectivamente, por Antônio
Gabrielli. Tornando-se a cidade
do Rio de Janeiro a pioneira em
termos mundiais na inauguração
de uma Estação de Tratamento
de Água (ETA), a qual dispunha do
uso de seis filtros rápidos (pressão
ar/água) e decantador Dortmund
(AEGEA, 2015).
VOCÊ SABIA?
SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
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surgiram nos anos de 1950, culminando na
criação de tarifas e financiamentos, tendo como
base os recursos retornáveis.
As companhias
estaduais passaram a concentrar as decisões e se
impor sobre os serviços municipais. Houve ainda
uma dissociação das entidades que atuavam
sobre os serviços de saúde das que planejavam
saneamento (AEGEA, 2015).
O Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº. 199, que
tinha como referência o Projeto de Lei (PL) n.
53/91, tramitou no Congresso Nacional em 1993 e
tratava sobre a Política Nacional de Saneamento.
De acordo com Zanta et al. (2008), o projeto tinha como premissas:
• o acesso ao saneamento de forma universal e igualitária;
• a participação da população;
• a descentralização das ações nos três níveis de governo;
• a integração interinstitucional, além de considerar o saneamento
como um direito e dever de todos e obrigação do Estado.
Diversos atores sociais ligados ao saneamento participaram das discussões
e negociações para construção desse PLC. O PLC nº. 199 foi aprovado
pelo Congresso Nacional em 1994. No entanto, no início de 1995, foi vetado
integralmente pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso
(FHC), que já delineava a diretriz política de seu governo, visando a privatização
dos serviços de saneamento.
Em 1995, inicia-se uma nova fase política no setor, caracterizada pela
busca de um novo padrão de intervenção do Estado.
A Lei de Concessão
nº 8.987/1995 regulamentou o artigo 175 da Constituição Federal, que
previu a concessão de serviços públicos e autorizou a outorga desses
serviços (DE FARIA; DE FARIA, 2004). O Projeto de Lei do Senado
(PLS) nº 266/96 foi mais uma tentativa de privatização dos serviços
de saneamento. Tal projeto tinha como premissa a transferência da
titularidade dos serviços para o Estado, com um inter-relacionamento
entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Do livro: Saneamento Básico no Brasil
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