Entenda por que os Estados Unidos não dominam e o Brasil é potência na Paraolimpíada

Entenda por que os Estados Unidos não dominam e o Brasil é potência na Paraolimpíada Marco Antonio Teixeira / MPIX/CPB/MPIX/CPB

Nem sempre uma potência olímpica repete o desempenho na Paraolimpíada, assim como nem todos os países coadjuvantes do esporte mantêm a mesma condição no cenário do paradesporto. Um breve olhar sobre os quadros de medalhas dos eventos irmãos indica evidentes diferenças nos desempenhos das nações.
No mundo paraolímpico, os Estados Unidos não exercem o mesmo domínio, assim como outras potências, como a França. Por outro lado, Brasil e Ucrânia, países que fazem parte de um bloco secundário na Olimpíada, ganham protagonismo.
Ainda não inventaram planejamento esportivo que funcione sem investimento adequado e gestão competente. Os motivos para as diferenças nas performances desses países não fogem desses fatores.
Em Londres 2012, a nação mais vencedora dos Jogos Olímpicos da era moderna voltou para casa com o pior desempenho de sua história na Paraolimpíada. Com 98 pódios, os Estados Unidos ficaram na sexta colocação do quadro de medalhas.
Há uma particularidade do sistema esportivo norte-americano que ajuda a explicar o resultado. Não há um comitê dedicado exclusivamente ao paradesporto, que é gerido pelo Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC, na sigla em inglês). A entidade não recebe um centavo de dinheiro público, mantém-se com polpudas verbas de patrocinadores e doações.
Depois de Londres, atletas e dirigentes ligados ao paradesporto reclamaram da magra fatia de recursos recebida para a preparação. Há, ainda, uma dificuldade no caminho da formação: não há ligas independentes — como a NBA, por exemplo — que fortalecem o esporte dos EUA no âmbito nacional, auxiliando no descobrimento de novos talentos. Ainda assim, os americanos, que venceram o quadro de medalhas de uma Paraolimpíada pela última vez em 1996, esperam melhorar no Rio. A delegação, de 267 atletas, é a maior da história. Segundo o USOC, houve aumento nos investimentos destinados ao esporte paraolímpico.
Foto: CHRISTOPHE SIMON / AFP
O caso francês guarda algumas semelhanças com o americano, ainda que os sistemas de financiamento sejam bem diferentes. Tradicional potência esportiva, com forte trabalho na base, a França encontra mais dificuldades para ter sucesso na Paraolimpíada. O motivo principal, assim como nos EUA, está ligado ao dinheiro, ainda que os europeus sejam bancados, em grande parte, pelo governo.
Após os Jogos de Londres, em que a França ficou na 16ª colocação no quadro de medalhas, o aporte de 12 milhões de euros anuais (pouco mais de R$ 44 milhões) foi alvo de críticas dos dirigentes. Há também a falta de um trabalho de base para massificar o paradesporto.
— Não temos tantos atletas para fazer emergir os melhores. Pegamos aqueles que já estão lá e tentamos otimizar seu potencial. Não é um processo racional de alta performance — queixou-se, à época, Jean Minier, diretor técnico da Federação Francesa de Esportes para Deficientes, em entrevista à rádio RMC.
Se americanos e franceses costumam ser menos competitivos na Paraolimpíada, Brasil e Ucrânia crescem.
Foto: Cleber Mendes / MPIX/CPB
A Lei Agnelo Piva serviu para catapultar o esporte para deficientes no Brasil. Promulgada em 2001, prevê o repasse de recursos das loterias federais para o esporte. O Comitê Paraolímpico Brasileiro(CPB) fica com 15% do valor, algo que impulsionou a evolução rumo ao Top 10 do quadro de medalhas, posição que o país ocupou nos dois últimos Jogos. No Rio, o objetivo é ficar entre os cinco primeiros. Além dos recursos da lei, há o patrocínio da Caixa, que dá ao CPB uma confortável situação financeira.
A correta aplicação dos recursos também ajuda. O dinheiro ajudou a fortalecer competições nacionais e a organizar os Jogos Paraolímpicos Escolares, importantes para descobrir novos atletas.
O trabalho de base é o segredo ucraniano, outro caso de sucesso na Paraolimpíada. Quarta colocada nos quadros de medalhas das duas últimas edições, a Ucrânia colhe os frutos do Invasport, um programa que construiu ao menos uma escola de esporte paraolímpico em cada região do país. O foco não é o alto rendimento, e sim o acesso à atividade física pela população portadora de deficiência. Da massa de praticantes formada nesses centros, saem os atletas que brilham nos Jogos.
FONTE: http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/olimpiada/noticia/2016/09/entenda-por-que-os-estados-unidos-nao-dominam-e-o-brasil-e-potencia-na-paraolimpiada-7413148.html

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