Ex-PM ligado a Flavio Bolsonaro recebeu medalha na cadeia
25 jan 2019, 08h00
Homenagem foi entregue no Batalhão Especial Prisional, onde o então tenente estava preso, acusado de homicídio
No dia 9 de setembro de 2005, o então tenente da Polícia Militar Adriano Magalhães da Nóbrega, hoje foragido, foi protagonista de uma cena inédita. Preso, acusado de homicídio, ele recebeu na cadeia a maior condecoração do Poder Legislativo fluminense, a Medalha Tiradentes. A homenagem foi uma iniciativa do deputado estadual Flavio Bolsonaro – procurado, o senador eleito pelo PSL não negou ter feito a entrega da medalha em solenidade realizada no Batalhão Especial Prisional da PM.
Reportagem na edição de VEJA que começou a circular nesta sexta-feira, 25, revela que a entrega da condecoração na cadeia está registrada em arquivo eletrônico da Assembleia Legislativa Fluminense. Flavio propôs a homenagem em agosto de 2005, quando Adriano estava preso havia mais de um ano. Ele e outros PMs eram acusados pelo homicídio do guardador de carros Leandro dos Santos Silva. O oficial chegou a ser condenado pelo crime, mas acabou absolvido em outro julgamento e foi solto em 2006. Em 2003, Flavio entregara uma moção de louvor ao policial.
Um dos alvos da operação Os Intocáveis, deflagrada na terça-feira 22, pelo Ministério Público e pela Polícia Civil do Rio, Adriano é acusado de comandar a milícia da favela de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, e de integrar o Escritório do Crime, formado por assassinos de aluguel. Suspeito de trabalhar para bicheiros, ele voltaria a ser preso e acabaria expulso da PM em 2014. A mãe e a mulher de Adriano foram nomeadas para o gabinete de Flavio Bolsonaro, onde trabalharam até novembro do ano passado. Segundo o deputado, elas foram indicadas pelo então assessor Fabrício Queiroz.
Procurado por VEJA, o senador eleito disse, por intermédio de sua assessoria, que homenageou vários policiais: “Foi assim com o então Tenente Adriano, que na ocasião específica sofria uma injustiça, reconhecida com sua absolvição na esfera judicial. Isso se deu há mais de uma década, logo, sendo impossível fazer previsões sobre acusações somente agora reveladas”.
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