ESTADÃO (EXCLUSIVO): A lista de Fachin (9 ministros, 29 senadores e 42 deputados) Publicado em 11/04/2017 20:53 e atualizado em 11/04/2017 21:32
Ministro relator da Lava Jato, no Supremo Tribunal Federal, coloca o alto escalão político do País sob investigação (por Breno Pires, da sucursal de Brasília do jornal O estado de S. Paulo).
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de inquérito contra nove ministros do governo Temer, 29 senadores e 42 deputados federais, entre eles os presidentes das duas Casas – como mostram as 83 decisões do magistrado do STF, obtidas com exclusividade pelo Estado.
O grupo faz parte do total de 108 alvos dos 83 inquéritos que a Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações dos 78 executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht, todos com foro privilegiado no STF. Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, não aparecem nesse conjunto porque não possuem mais foro especial.
O Estado teve acesso a despachos do ministro Fachin, assinados eletronicamente no dia 4 de abril.
Também serão investigados no Supremo um ministro do Tribunal de Contas da União, três governadores e 24 outros políticos e autoridades que, apesar de não terem foro no tribunal, estão relacionadas aos fatos narrados pelos colaboradores.
Os senadores Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, e Romero Jucá (RR), presidente do PMDB, são os políticos com o maior número de inquéritos a serem abertos: 5, cada. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-presidente do Senado, vem em seguida, com 4.
O governo do presidente Michel Temer é fortemente atingido. A PGR pediu investigações contra os ministros Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil, , Moreira Franco (PMDB), da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Kassab (PSD), da Ciência e Tecnologia, Helder Barbalho (PMDB), da Integração Nacional, Aloysio Nunes (PSDB), das Relações Exteriores, Blairo Maggi (PP), da Agricultura, Bruno Araújo (PSDB), das Cidades, Roberto Freire (PPS), da Cultura, e Marcos Pereira (PRB), da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Padilha e Kassab responderão em duas investigações, cada.
As investigações que tramitarão especificamente no Supremo com a autorização do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, foram baseadas nos depoimentos de 40 dos 78 delatores.
Os relatos de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo, são utilizados em 7 inquéritos no Supremo. Entre os executivos e ex-executivos, o que mais forneceu subsídios para os pedidos da PGR foi Benedicto Júnior, (ex-diretor de Infraestrutura) que deu informações incluídas em 34 inquéritos. Alexandrino Alencar (ex-diretor de Relações Institucionais) forneceu subsídios a 12 investigações, e Cláudio Melo Filho (ex-diretor de Relações Institucionais) e José de Carvalho Filho (ex-diretor de Relações Institucionais), a 11.
Os crimes mais frequentes descritos pelos delatores são de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, e há também descrições a formação de cartel e fraude a licitações.
Imunidade. O presidente da República, Michel Temer (PMDB), é citado nos pedidos de abertura de dois inquéritos, mas a PGR não o inclui entre os investigados devido à “imunidade temporária” que detêm como presidente da República. O presidente não pode ser investigado por crimes que não decorreram do exercício do mandato.
Lista. Os pedidos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foram enviados no dia 14 de março ao Supremo. Ao todo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou ao STF 320 pedidos – além dos 83 pedidos de abertura de inquérito, foram 211 de declínios de competência para outras instâncias da Justiça, nos casos que envolvem pessoas sem prerrogativa de foro, sete pedidos de arquivamento e 19 de outras providências. Janot também pediu a retirada de sigilo de parte dos conteúdos.
Entre a chegada ao Supremo e a remessa ao gabinete do ministro Edson Fachin, transcorreu uma semana. O ministro já deu declarações de que as decisões serão divulgadas ainda em abril. Ao encaminhar os pedidos ao STF, Janot sugeriu a Fachin o levantamento dos sigilos dos depoimentos e inquéritos.
A LISTA DOS ALVOS
Senador da República Romero Jucá Filho (PMDB-RR)
Senador Aécio Neves da Cunha (PSDB-MG)
Senador da República Renan Calheiros (PMDB-AL)
Ministro da Casa Civil Eliseu Lemos Padilha (PMDB-RS)
Ministro da Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab (PSD)
Senador da República Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE)
Deputado Federal Paulinho da Força (SD-SP)
Deputado Federal Marco Maia (PT-RS)
Deputado Federal Carlos Zarattini (PT-SP)
Deputado Federal Rodrigo Maia (DEM-RM), presidente da Câmara
Deputado federal João Carlos Bacelar (PR-BA)
Deputado federal Milton Monti (PR-SP)
Governador do Estado de Alagoas Renan Filho (PMDB)
Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República Wellington Moreira Franco (PMDB)
Ministro da Cultura Roberto Freire (PPS)
Ministro das Cidades Bruno Cavalcanti de Araújo (PSDB-PE)
Ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB)
Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços Marcos Antônio Pereira (PRB)
Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Blairo Borges Maggi (PP)
Ministro de Estado da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB)
Senador da República Paulo Rocha (PT-PA)
Senador Humberto Sérgio Costa Lima (PT-PE)
Senador da República Edison Lobão (PMDB-PA)
Senador da República Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Senador da República Jorge Viana (PT-AC)
Senadora da República Lidice da Mata (PSB-BA)
Senador da República José Agripino Maia (DEM-RN)
Senadora da República Marta Suplicy (PMDB-SP)
Senador da República Ciro Nogueira (PP-PI)
Senador da República Dalírio José Beber (PSDB-SC)
Senador da República Ivo Cassol
Senador Lindbergh Farias (PT-RJ)
Senadora da República Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
Senadora da República Kátia Regina de Abreu (PMDB-TO)
Senador da República Fernando Afonso Collor de Mello (PTC-AL)
Senador da República José Serra (PSDB-SP)
Senador da República Eduardo Braga (PMDB-AM)
Senador Omar Aziz (PSD-AM)
Senador da República Valdir Raupp
Senador Eunício Oliveira (PMDB-CE)
Senador da República Eduardo Amorim (PSDB-SE)
Senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE)
Senador da República Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
Senador da República Ricardo Ferraço (PSDB-ES)
Deputado Federal José Carlos Aleluia (DEM-BA)
Deputado Federal Daniel Almeida (PCdoB-BA)
Deputado Federal Mário Negromonte Jr. (PP-BA)
Deputado Federal Nelson Pellegrino (PT-BA)
Deputado Federal Jutahy Júnior (PSDB-BA)
Deputada Federal Maria do Rosário (PT-RS)
Deputado Federal Felipe Maia (DEM-RN)
Deputado Federal Ônix Lorenzoni (DEM-RS)
Deputado Federal Jarbas de Andrade Vasconcelos (PMDB-PE)
Deputado Federal Vicente “Vicentinho” Paulo da Silva (PT-SP)
Deputado Federal Arthur Oliveira Maia (PPS-BA)
Deputada Federal Yeda Crusius (PSDB-RS)
Deputado Federal Paulo Henrique Lustosa (PP-CE)
Deputado Federal José Reinaldo (PSB-MA), por fatos de quando era governador do Maranhão
Deputado Federal João Paulo Papa (PSDB-SP)
Deputado Federal Vander Loubet (PT-MS)
Deputado Federal Rodrigo Garcia (DEM-SP)
Deputado Federal Cacá Leão (PP-BA)
Deputado Federal Celso Russomano (PRB-SP)
Deputado Federal Dimas Fabiano Toledo (PP-MG)
Deputado Federal Pedro Paulo (PMDB-RJ)
Deputado federal Lúcio Vieira Lima (PDMB-BA)
Deputado Federal Paes Landim (PTB-PI)
Deputado Federal Daniel Vilela (PMDB-GO)
Deputado Federal Alfredo Nascimento (PR-AM)
Deputado Federal Zeca Dirceu (PT-SP)
Deputado Federal Betinho Gomes (PSDB-PE)
Deputado Federal Zeca do PT (PT-MS)
Deputado Federal Vicente Cândido (PT-SP)
Deputado Federal Júlio Lopes (PP-RJ)
Deputado Federal Fábio Faria (PSD-RN)
Deputado Federal Heráclito Fortes (PSB-PI)
Deputado Federal Beto Mansur (PRB-SP)
Deputado Federal Antônio Brito (PSD-BA)
Deputado Federal Décio Lima (PT-SC)
Deputado Federal Arlindo Chinaglia (PT-SP)
Ministro do Tribunal de Contas da União Vital do Rêgo Filho
Governador do Estado do Rio Grande do Norte Robinson Faria (PSD)
Governador do Estado do Acre Tião Viana (PT)
Prefeita Municipal de Mossoró/RN Rosalba Ciarlini (PP), ex-governadora do Estado
Valdemar da Costa Neto (PR)
Luís Alberto Maguito Vilela, ex-Senador da República e Prefeito Municipal de Aparecida de Goiânia entre os anos de 2012 e 2014
Edvaldo Pereira de Brito, então candidato ao cargo de senador pela Bahia nas eleições 2010
Oswaldo Borges da Costa, ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais/Codemig
Senador Antônio Anastasia (PSDB-MG)
Cândido Vaccarezza (ex-deputado federal PT)
Guido Mantega (ex-ministro)
César Maia (DEM), vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro e ex-deputado federal
Paulo Bernardo da Silva, então ministro de Estado
Eduardo Paes (PMDB), ex-prefeito do Rio de Janeiro
José Dirceu
Deputada Estadual em Santa Catarina Ana Paula Lima (PT-SC)
Márcio Toledo, arrecadador das campanhas da senadora Suplicy
Napoleão Bernardes, Prefeito Municipal de Blumenau/SC
João Carlos Gonçalves Ribeiro, que então era secretário de Planejamento do Estado de Rondônia
advogado Ulisses César Martins de Sousa, à época Procurador-Geral do Estado do Maranhão
Rodrigo de Holanda Menezes Jucá, então candidato a vice-governador de Roraima, filho de Romer Jucá
Paulo Vasconcelos, marqueteiro de Aécio
Eron Bezerra, marido da senadra Grazziotin
Moisés Pinto Gomes, marido da senadora Kátia Abreu, em nome de quem teria recebido os recursos – a38
Humberto Kasper
Marco Arildo Prates da Cunha
Vado da Famárcia, ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho
José Feliciano.
Kátia Abreu, ou ‘Machado’, pegou R$ 500 mil do Setor de Propinas para campanha, dizem delatores
Quatro executivos da Odebrecht afirmaram que o Setor de Operações Estruturadas da empreiteira repassou a quantia para a campanha da senadora peemedebista por meio de caixa dois; relator da Lava Jato no Supremo autoriza inquérito contra parlamentar e marido dela, que foi seu assessor no Ministério da Agricultura
Quatro delatores da Odebrecht afirmaram, em delação premiada, que a empreiteira fez repasses de R$ 500 mil para a campanha ao Senado de Kátia Abreu (PMDB-TO), por meio de caixa dois. Segundo os executivos, a peemedebista era registrada no ‘Departamento de Propinas’ da construtora com o codinome ‘Machado’, e as negociações foram intermediadas pelo marido da ex-ministra da Agricultura, Moisés Pinto Gomes – que foi assessor de Kátia no Ministério.
Os depoimentos de Cláudio Melo Filho, José de Carvalho Filho, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis e Mário Amaro da Silveira, da Odebrecht, embasaram pedido de inquérito da Procuradoria-Geral da República, autorizado pelo ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin, para investigar a senadora peemedebista e o marido.
“Segundo o Ministério Público, narram os colaboradores a ocorrência de pagamento de vantagem não contabilizada, por intermédio de Moisés Pinto Gomes, no âmbito da campanha eleitoral de Kátia Abreu ao Senado Federal no ano de 2014″, observa Fachin. “Nesse contexto, relatam o pagamento de R$ 500 mil, divididos em duas parcelas de R$ 250 mil, repasses ocorridos em setembro e outubro do ano de 2014, em encontros no Hotel Meliá Jardim Europa, em São Paulo.
“As operações foram efetuadas por meio do Setor de Operação Estruturadas do Grupo Odebrecht, estando identificada pelo codinome ‘Machado'”, anota Fachin, ao autorizar inquérito para investigar a ex-ministra e o marido.
Atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República, o ministro decretou o levantamento do sigilo dos depoimentos dos executivos.
EXCLUSIVO: Grazziotin recebeu caixa 2 do departamento de propinas, afirma delator da Odebrecht
Relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, autorizou a abertura de inquérito para investigar senadora (PC do BC/AM) e o marido, Eron Bezerra; investigações têm base na delação do ex-presidente e fundador da Odebrecht Ambiental, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis.
O ex-presidente e fundador da Odebrecht Ambiental, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis – um dos 77 executivos da construtora que fecharam delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato – afirmou que o ‘Departamento de Propinas’ da Odebrecht fez repasses para a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) e ao marido da parlamentar, Eron Bezerra. O dinheiro, segundo o delator, foi pago por meio de caixa 2 à campanha de 2012 de Graziottin à Prefeitura de Manaus. Na ocasião, a senadora foi derrotada por Artur Neto (PSDB).
O depoimento serviu de base para a autorização de inquérito contra a senadora e o cônjuge pelo relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin.
Consta do pedido de inquérito que a Procuradoria-Geral da República aponta ‘reunião com a participação do marido da parlamentar, Eron Bezerra’. Segundo a Procuradoria, os pagamentos foram feitos pela empreiteira por meio do Setor de Operações Estruturadas – conhecido como ‘Departamento de Propinas’ da Odebrecht.
Os repasses teriam sido registrados no ‘Drousys’, sistema de informática utilizado pela construtora para registrar pagamentos.
“Segundo o Ministério Público, o recebimento de repasses financeiros pelo Grupo Odebrecht à parlamentar, ocorreram a pretexto de doação para a campanha eleitoral no ano de 2012, todavia, sem o devido registro oficial”, afirma Fachin.
Ao autorizar a abertura do inquérito contra a senadora e o marido, o ministro afirma que “como sabido, apresentado o pedido de instauração de inquérito pelo procurador-geral da República, incumbe ao relator deferi-lo, nos termos do artigo 21, XV, do Regimento Interno do Supremo, não lhe competindo qualquer aprofundamento sobre o mérito das suspeitas indicadas, exceto se, a toda evidência, revelarem-se inteiramente infundadas, conforme as exceções elencadas nas letras ‘a’ e ‘e’, da norma regimental, as quais, registro, não se fazem presentes no caso”.
Em manifestação pelo pedido de inquérito, o procurador-geral da República Rodrigo Janot pediu ainda ‘o levantamento do sigilo, em relação aos teros de depoimentos aqui referidos, uma vez que não mais subsistem motivos para tanto’.
Fachin determinou o levantamento do sigilo da delação premiada. “Em relação aos direitos do colaborador, as particularidades da situação evidenciam que o contexto fático subjacente, notadamente o envolvimento em delitos associados à gestão da coisa pública, atraem o interesse público à informação e, portanto, desautorizam o afastamento da norma constitucional que confere predileção à publicidade dos atos processuais.” (por Breno Pires, de Brasília, e Luiz Vassallo).
ANÁLISE DA FOLHA: Lista inaugura 'fim do mundo' previsível e com efeito legal lento (por IGOR GIELOW)
A primeira vaga oriunda do nascedouro de tsunamis da Procuradoria-Geral da República atingiu as costas litorâneas já previstas ao longo de semanas, quando não meses, de vazamentos. Isso não a torna menos destrutiva, naturalmente, mas há um certo enfado político ao ler a lista daqueles investigados por ordem do ministro Edson Fachin.
A precificação, para ficar num palavrório do mercado, dos danos estava dada. Claro que é o começo do chamado "fim do mundo" previsto para a política tradicional, dada a quantidade de reputações que caminham para o cadafalso. Mas mesmo isso já parece não causar tanto impacto, até ao menos os detalhes mais sórdidos a serem apurados emergirem.
Do ponto de vista mais imediatista, salta aos olhos a vistosa lista de ministros do governo-tampão de Michel Temer (PMDB) —o próprio foi citado, mas não será investigado devido à imunidade temporária de que goza, já que as acusações não dizem respeito a atos cometidos em seu mandato.
Se cumprir o que prometeu, Temer terá um problemão de gestão caso todos os nove ministros citados na lista acabem denunciados pela PGR. Neste caso, segundo a régua estabelecida pelo presidente, o afastamento é temporário. Caso virem réus, como especula-se ser o caso da maior parte deles, o gancho é definitivo.
Objetivamente, a falta maior neste caso seria na Casa Civil, com Eliseu Padilha sob fogo. Mas seu afastamento temporário, por motivo de saúde e coincidindo com novas revelações sobre suspeitas sobre sua figura, já pode ter servido de "test-drive" para a situação. No mundo do PMDB, a aparente morte política nunca é definitiva, afinal: Romero Jucá, decapitado do Planejamento quando o governo engatinhava, segue dando cartas de sua cadeira no Senado.
Jucá está na nova lista, em cinco inquéritos. Mas nem tudo é má notícia para Temer, necessariamente: o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que vinha trabalhando pesadamente contra o Planalto na reforma da Previdência para viabilizar sua posição política estadual no ano que vem, está em quatro inquéritos. Seu filho, o governador Renan Filho (PMDB-AL), também tem pedido de investigação aprovado. Se isso não dobrar o grau de agressividade de Renan, o presidente ganha um respiro.
Falando em senadores, o fato de que 29 dos 81 membros da Casa estão na lista de pedidos de inquérito apenas contribui para a sensação geral de descrença na política. Devidamente precificada, diga-se de passagem.
Olhando para frente, a "lista do Janot" (ou "do Fachin", ao gosto do cliente) traz duas implicações principais. Ela confirma o veredicto já decantado de que Aécio Neves está virtualmente inviabilizado politicamente como candidato a presidente no ano que vem.
O senador tucano, independentemente de ter ou não culpa no que lhe é atribuído, terá de se explicar em pelo menos cinco inquéritos. Mesmo seus mais fiéis aliados sabem que isso é um peso dificílimo de ser tirado em tempo hábil, mesmo que ele seja inocente, para a disputa de 2018.
O mesmo valerá para o caso de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente que tenta se lançar ao Planalto novamente. Como o caso está em sigilo, não se sabe o que acontecerá às citações a Lula, mas o fato de ela provavelmente ter "descido" para a primeira instância em Curitiba só reforça a areia movediça jurídica na qual o petista está envolto. Isso poderá o tirar de qualquer pleito em 2018, seja juridicamente, seja por dano fatal à imagem: investigadores sugerem que há dados devastadores contra Lula e sua família nas delações da Odebrecht.
Por fim, é importante lembrar que o efeito político é bem mais eficaz do que o judicial. A usual demora processual de cortes superiores deverá arrastar a investigação por anos, quando muitos dos crimes imputados aos políticos estarão prescritos. Como se sabe, da primeira "lista do Janot" pouco ou nada aconteceu em dois anos.
Do ponto de vista eleitoral, de efeito imediato sobre carreiras, o estrago estará feito para quem virar réu.
Nas horas incertas, Lula renega amigos certos, JOSIAS DE SOUZA (UOL)
A Presidência da República multiplicou as amizades de Lula. A ex-presidência acomoda um deserto entre o morubixaba petista e os amigos. Em depoimento a Sergio Moro, Marcelo Odebrecht disse que Lula é mesmo o “amigo” das planilhas de propina da maior empreiteira do país. Ganhou o apelido graças à amizade que o unia ao patriarca Emílio Odebrecht. Apontado como beneficiário de repasses de R$ 13 milhões em dinheiro vivo, Lula mandou dizer por meio de nota que ''não tem nenhuma relação com qualquer planilha na qual outros possam se referir a ele como ‘Amigo’.”
A explicação revela-se desnecessária. Ninguém imaginaria que Lula, personagem tão afetuoso, fosse perder tempo relacionando-se com planilhas. Por uma boa amizade, o ex-soberano mete-se em qualquer enrascada. Visitou o tríplex do Guarujá na companhia do amiogo da OAS. E desistiu de “comprar” depois que a reforma do imóvel virou escândalo. E tem o sítio dos amigos de Atibaia, que virou escândalo porque Lula utiliza mesmo sem comprar.
Há o caso da cobertura de São Bernardo, vizinha de porta do duplex onde Lula mora. No papel, o imóvel foi “comprado” em 2011 por Glaucos da Costamarques, um primo do amigo José Carlos Bumlai. Antes de morrer, Marisa Letícia alugou. Mas a Lava Jato diz que ela não pagou.
Pesquisa Datafolha divulgada em fevereiro de 2016 revelou que o grosso dos brasileiros acha que Lula manteve com as empreiteiras um relacionamento do tipo uma mão lava a outra. Nesse enredo, a maioria dos entrevistados avalia que, em troca de vantagens, as construtoras beneficiaram Lula com reformas no tríplex do Guarujá (58%) e no sítio de Atibaia (5%).
Lula prefere enxergar-se como personagem de outro filme. Nele, um presidente que era amigo da Odebrecht e da torcida do Corinthias, vê-se obrigado a renegar nas horas incertas os amigos que tinha como certos. Nesse ritmo, Lula vai acabar descobrindo que a perfeita solidão há de ter pelo menos a numerosa presença de um amigo real. Nem que seja uma planilha.
Brasília trata explosão atômica como um traque, POR JOSIAS DE SOUZA (UOL)
Alertada com grande antecedência, Brasília preparou-se para a explosão. Em qualquer pedaço do mundo, a notícia sobre a abertura de inquéritos contra nove ministros, 29 senadores, 42 deputados e um interminável etcétera cairia sobre os políticos como uma bomba atômica. No Brasil alternativo do “bunker” brasiliense, o cogumelo radioativo teve o efeito de um traque.
Nenhum ministro suspeito será afastado. Enlameados, os presidentes do Senado e da Câmara continuarão em seus assentos. Os congressistas sob investigação desfilarão pelos corredores do Legislativo como se nada tivesse sido descoberto sobre eles. Ouve-se nos conselhos de “ética” das duas Casas legislativas um silêncio de cemitério. Jurado de morte, o sistema político brasileiro reage como se estivesse cheio de vida.
Em pleno processo de autodestruição, potencializado agora pelos despachos do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o governo de Michel Temer, um presidente cujo mandato está pendurado num julgamento da Justiça Eleitoral, negocia reformas modernizadoras com seu conglomerado arcaico. Por ironia, a primeira explosão chegou num dia em que o mandatário-tampão recebeu no bunker do Planalto os aliados que cuidam da reforma da Previdência. Autoridades e parlamentares asseguram que tudo terminará bem porque o governo transitório do Brasil alternativo tem um projeto e a economia já começa a reagir.
O deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da proposta de reforma política, consta da nova lista de investogados. Ganhou milhões de razões adicionais para apressar a criação do fundo que vai retirar do bolso do eleitor o financiamento das eleições. Apressará também a aprovação da lista fechada que esconderá do eleitorado os candidatos suspeitos que os partidos indicarão. Presididos pelos encrencados Aécio Neves e Romero Jucá, PSDB e PMDB, antes contrários à macumba que obriga o contribuinte a financiar o circo, sonegando-lhe o direito de escolher o palhaço de sua preferência, agora estão a favor.
Movidos por verdades próprias, os protagonistas da política fingem não perceber que a deterioração aumentou ao seu redor. Ela decorre da falta de legitimidade de um sistema político-partidário que apodreceu e desligou-se da realidade. Os alvos da Odebrecht pisam distraídos sobre os escombros com ares de doce normalidade. Se fossem condenados rapidamente pelo Supremo Tribunal Federal, seriam apresentados à realidade. Mas tanta anormalidade é algo que não costuma acontecer no Brasil alternativo do bunker.
Confira as acusações feitas pelos delatores nos inquéritos abertos pelo STF e clique em leia mais para saber o que pesa cada um (a lista está sendo atualizada):
GERALDO ALCKMIN, GOVERNADOR DE SÃO PAULO (PSDB) – governador usava cunhado para receber propina (leia mais)
AÉCIO NEVES, SENADOR (PSDB-MG) – senador teria recebido mesada de até 2 milhões de reais (leia mais)
DILMA ROUSSEFF, EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA (PT) – ex-presidente teria recebido 150 milhões para campanhas (leia mais)
ROMERO JUCÁ, SENADOR (PMDB-RR) – senador recebeu propina para defender interesses da Odebrecht (leia mais)
RENAN CALHEIROS, SENADOR (PMDB-AL) – com Jucá, recebeu R$ 5 milhões para aprovar MP (leia mais)
EDISON LOBÃO, SENADOR (PMDB-MA) – senador levou R$ 5,5 milhões de reais da empreiteira (leia mais)
FERNANDO COLLOR, SENADOR (PTC-AL) – recebeu 800 mil reais na campanha eleitoral de 2010 (leia mais)
LINDBERGH FARIAS, SENADOR (PT-RJ) – recebeu 4,5 milhões de reais em propinas nas eleições de 2008 e 2010 (leia mais)
CIRO NOGUEIRA, SENADOR (PP-PI) – recebeu 1,6 milhão de reais nas eleições de 2010 e 2014 (leia mais)
EDUARDO CUNHA, EX-DEPUTADO (PMDB-RJ) – ex-deputado teria arquitetado plano para sepultar a Lava Jato (leia mais)
BLAIRO MAGGI, MINISTRO DA AGRICULTURA (PP-MT) – ministro recebeu R$ 12 mi para ajudar a liberar crédito da empresa (leia mais)
VICENTE CÂNDIDO, DEPUTADO (PT-SP) – deputado federal recebeu 50 mil reais para viabilizar Itaquerão (leia mais)
JORGE PICCIANI, DEPUTADO ESTADUAL (PMDB-RJ) – recebeu caixa dois da Odebrecht nos anos de 2010 e 2012 (leia mais)
PAULO HARTUNG, GOVERNADOR DO ESPÍRITO SANTO (PMDB) – recebeu 1 milhão de reais nas eleições de 2010 e 2012 (leia mais)
HÉLDER BARBALHO, MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL (PMDB-PA) – recebeu 1,5 milhão de reais em três parcelas (leia mais)
RICARDO FERRAÇO, SENADOR (PSDB-ES) –executivos dizem que repassaram a ele 400.000 reais via caixa dois (leia mais)
ALDEMIR BENDINE, EX-PRESIDENTE DA PETROBRAS – ex-presidente do BB e da Petrobras, recebeu dinheiro para ajudar a Odebrecht (leia mais)
ALFREDO NASCIMENTO, DEPUTADO (PR-AM) – ex-ministro de Lula e Dilma, recebeu 200 mil reais via caixa 2 (leia mais)
JOÃO BACELAR FILHO, DEPUTADO (PR-BA) – recebeu 250 mil reais da Odebrecht para ajudar em MP (leia mais)
CELSO RUSSOMANNO, DEPUTADO (PRB-SP) – deputado federal recebeu 50 mil reais na campanha de 2010 (leia mais)
ZECA DIRCEU, DEPUTADO (PT-PR) – filho de José Dirceu teria recebido 250 mil reais para campanha (leia mais)
CARLOS ZARATTINI, DEPUTADO (PT-SP) – líder do partido recebeu propina para atuar em favor de MPs (leia mais)
PAULINHO DA FORÇA, DEPUTADO (SD-SP) – presidente da Força Sindical recebeu 200 mil para campanha de 2010 (leia mais)
ANTÔNIO ANASTASIA, SENADOR (PSDB-MG)
MILTON MONTI, DEPUTADO (PR-SP)
ALOYSIO NUNES, SENADOR (PSDB-SP)
ARLINDO CHINAGLIA, DEPUTADO (PT-SP)
ARTHUR MAIA, DEPUTADO (PPS-BA)
BRUNO ARAÚJO, MINISTRO DAS CIDADES (PSDB-PE)
CÂNDIDO VACCAREZZA, DEPUTADO (EX-PT-SP)
GUIDO MANTEGA, EX-MINISTRO DA FAZENDA (PT)
EDUARDO BRAGA, SENADOR (PMDB-AM)
OMAR AZIZ, SENADOR (PSD-AM)
CACÁ LEÃO, DEPUTADO (PP-BA)
CÁSSIO CUNHA LIMA, SENADOR (PSDB-PB)
DALÍRIO BEBER, SENADOR (PSDB-SC)
NAPOLEÃO BERNARDES, PREFEITO DE BLUMENAU (PSDB-SC)
DANIEL VILELA, DEPUTADO (PMDB-GO)
MAGUITO VILELA, EX-GOVERNADOR DE GOIÁS (PMDB)
DANIEL ALMEIDA, DEPUTADO (PCDOB-BA)
DÉCIO LIMA, DEPUTADO (PT-SC)
ANA PAULA LIMA, DEPUTADA ESTADUAL (PT-SC)
ELISEU PADILHA, MINISTRO-CHEFE DA CASA CIVIL (PMDB-RS)
MOREIRA FRANCO, SECRETÁRIO-GERAL DA PRESIDÊNCIA (PMDB-RJ)
FÁBIO FARIA, DEPUTADO (PSD-RN)
ROBINSON FARIA, GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO NORTE (PSD)
ROSALBA CIARLINI, PREFEITA DE MOSSORÓ (PP-RN)
FERNANDO BEZERRA, SENADOR (PSB-PE)
GILBERTO KASSAB, MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES (PSD-SP)
BETINHO GOMES, DEPUTADO (PSDB-PE)
JOSÉ FELICIANO, ADVOGADO
VADO DA FARMÁCIA, EX-PREFEITO DE CABO DO SANTO AGOSTINHO (PTB-PE)
PAULO ROCHA, SENADOR (PT-PA)
HERÁCLITO FORTES, DEPUTADO (PSB-PI)
HUMBERTO COSTA, SENADOR (PT-PE)
IVO CASSOL, SENADOR (PP-RO)
JOÃO CARLOS RIBEIRO, EX-SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO DE RONDÔNIA
JOÃO CARLOS BACELAR, DEPUTADO (PR-BA)
JORGE VIANA, SENADOR (PT-AC)
TIÃO VIANA, GOVERNADOR DO ACRE (PT)
JOSÉ CARLOS ALELUIA, DEPUTADO (DEM-BA)
ZECA DIRCEU, DEPUTADO (PT-PR)
JOSÉ DIRCEU, EX-MINISTRO-CHEFE DA CASA CIVIL
ZECA DO PT, DEPUTADO (PT-MS)
JOSÉ REINALDO TAVARES, DEPUTADO (PSB-MA)
ULISSES CÉSAR MARTINS, EX-PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO MARANHÃO
RENAN FILHO, GOVERNADOR DO ALAGOAS (PMDB)
JÚLIO LOPES, DEPUTADO (PP-RJ)
JUTAHY MAGALHÃES JÚNIOR, DEPUTADO (PSDB-BA)
KÁTIA ABREU, SENADORA (PMDB-TO)
MOISÉS PINTO GOMES, MARIDO DA SENADORA KÁTIA ABREU
LÍDICE DA MATA, SENADORA (PSB-PE)
MARCO MAIA, DEPUTADO (PT-RS)
HUMBERTO KASPER, EX-PRESIDENTE DA TRENSURB
MARCO PRATES DA CUNHA, EX-PRESIDENTE DA TRENSURB
PAULO BERNARDO, EX-MINISTRO DO PLANEJAMENTO (PT)
MARCOS PEREIRA, MINISTRO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS (PRB-ES)
MARIA DO ROSÁRIO, DEPUTADA (PT-RS)
MÁRIO NEGROMONTE JÚNIOR, DEPUTADO (PP-BA)
VALDEMAR DA COSTA NETO, EX-DEPUTADO (PR-SP)
NELSON PELLEGRINO, DEPUTADO (PT-BA)
ÔNIX LORENZONI , DEPUTADO (DEM-BA)
PAULO HENRIQUE LUSTOSTA, DEPUTADO (PP-CE)
PEDRO PAULO, DEPUTADO (PMDB-RJ)
EDUARDO PAES, EX-PREFEITO DO RIO DE JANEIRO (PMDB)
RICARDO FERRAÇO, SENADOR (PSDB-ES)
RODRIGO MAIA, DEPUTADO (DEM-RJ)
CÉSAR MAIA, EX-PREFEITO DO RIO DE JANEIRO (DEM)
RODRIGO GARCIA, DEPUTADO (DEM-SP)
ROMERO JUCÁ, SENADOR (PMDB-RR)
EUNICIO OLIVEIRA, SENADOR (PMDB-CE)
LÚCIO VIEIRA LIMA, DEPUTADO (PMDB-BA)
RODRIGO JUCÁ, ADVOGADO E FILHO DE ROMERO JUCÁ (PSD-RR)
VALDIR RAUPP, SENADOR (PMDB-RO)
VANDER LOUBET, DEPUTADO (PT-MS)
VANESSA GRAZZIOTIN, SENADORA (PCDOB-AM)
ERON BEZERRA, MARIDO DA SENADORA VANESSA GRAZZIOTIN
VICENTINHO, DEPUTADO (PT-SP)
VITAL DO RÊGO FILHO, MINISTRO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU)
YEDA CRUSIUS, DEPUTADA (PSDB-RS)
Fora do STF
Dezenas de outros inquéritos foram enviados por Fachin a outros tribunais porque os envolvidos não têm direito a foro no Supremo Tribunal Federal, como os governadores de estado, que têm de ser julgados pelo Superior Tribunal de Justiça.
Nesta lista estão, entre outros, os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
Na lista também está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que precisam ser julgados na primeira instância, ou seja, pela Justiça Federal de São Paulo.
Alckmin, Doria, RS e salvador da pátria da direita. Ajuda Luciano (por REINALDO AZEVEDO, em VEJA.COM)
No Fórum da Liberdade, em Porto Alegre, prefeito de São Paulo diz que Lula não é o “salvador da pátria”. Aí a direita pediu um... salvador da pátria
Os tucanos Geraldo Alckmin, governador do Estado, e João Doria, prefeito de São Paulo, concederam uma entrevista conjunta na manhã de ontem, depois de uma reunião entre os respectivos secretariados. O objetivo é evidenciar integração entre as duas esferas de administração. Indagado se o prefeito seria um bom candidato ao governo de São Paulo, Alckmin afirmou: “Ele seria um ótimo candidato a tudo”.
Horas depois, ao falar no 30º Fórum da Liberdade, que acontece na PUC-RS, em Porto Alegre, Doria deu a entender, creio, que é mesmo pré-candidato à Presidência. Voltou àquele que é um seu tema cotidiano: “Lula, você não é salvador de nada. Você quase destruiu o Brasil e o sonho de milhões de brasileiros, de milhões de jovens, de milhares de crianças. Você não vai destruir outra vez o sonho de o Brasil ser um país honesto, um país decente, que sabe seus valores”.
Não é uma fala própria de um “ótimo candidato a governador”, certo? Até porque, convenham, se Lula for candidato a alguma coisa, caso a Justiça não o impeça, será à Presidência.
A dinâmica da Lava Jato, afirmando que todos os gatos são pardos e que todos os pecados se compensam, ressuscitou a esquerda, que saiu, digamos, semimorta das eleições de 2016. Mais ainda: a agenda das reformas — que são vitais para o país — ajuda a fomentar e a fermentar o discurso esquerdista. É fatal que seja assim. Ainda que o governo saiba que está a dar palanque aos “companheiros”, não lhe resta alternativa.
Ora, vamos ser claros, não? Doria não elegeu Lula como o seu alvo fixo porque o petista esteja fraco ou seja carta fora do baralho. Em política, não se bate em cachorro morto. Aliás, que utilidade isso teria em qualquer área. Se decidiu ser o antípoda do petista, confere ao adversário uma grandeza comparável àquela que considera ser a sua própria. Isso, como veem, é mero exercício de lógica. Obviamente, Lula e o PT, apesar de todas as dificuldades, apesar da melancolia de seu “processo eleitoral”, já não estão mais tão fracos como no ano passado.
A direita xucra merece, claro!, bastante crédito por isso. Ao demonizar a política e os políticos, fez um esforço danado — e bem-sucedido — para ressuscitar o PT.
Uma ilha
Doria discursou, leio na Folha, a uma plateia entusiasmada, com a presença maciça de jovens. O Fórum da Liberdade é, sim, um evento importante, mas é evidente que não se pode tomá-lo como uma medida do que acontece nem no próprio Rio Grande do Sul. Desde a volta das eleições diretas para os Executivos estaduais, o Estado nunca reelegeu um governador. Dos dez, só três carregam, vá lá, ao menos um sotaque liberal, independentemente das qualidades pessoais: Jair Soares (PDS; 1983-1986; Antônio Britto (PMDB; 1995-1998) e Yeda Crusius (PSDB; 2007-2010). O Estado já elegeu o brizolista Alceu Collares (PDT; 1991-1994) e os petistas Olívio Dutra (1999-2002) e Tarso Genro (2011-2014).
Doria discursou, leio na Folha, a uma plateia entusiasmada, com a presença maciça de jovens. O Fórum da Liberdade é, sim, um evento importante, mas é evidente que não se pode tomá-lo como uma medida do que acontece nem no próprio Rio Grande do Sul. Desde a volta das eleições diretas para os Executivos estaduais, o Estado nunca reelegeu um governador. Dos dez, só três carregam, vá lá, ao menos um sotaque liberal, independentemente das qualidades pessoais: Jair Soares (PDS; 1983-1986; Antônio Britto (PMDB; 1995-1998) e Yeda Crusius (PSDB; 2007-2010). O Estado já elegeu o brizolista Alceu Collares (PDT; 1991-1994) e os petistas Olívio Dutra (1999-2002) e Tarso Genro (2011-2014).
Na capital gaúcha, então, a coisa é bem pior aos olhos de um liberal. Desde a volta das diretas nas capitais, em 1985, a cidade elegeu sete prefeitos distintos. Desse total, só o atual, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), tem viés liberalizante. Bem à sua esquerda, mas não ainda de esquerda, está o peemedebista José Fogaça, eleito e reeleito (2005-2010) — seu vice, o pedetista José Fortunati, completou seu segundo mandato (2010-2012) e depois se reelegeu (2013-2016). Os outros são o brizolista Alceu Collares (1986-1988) e os petistas Olívio Dutra (1989-1993); Tarso Genro (1993-1997); Raul Pont (1997-2001) e Tarso de novo (2001-2002), em mandato complementado por João Verle (2002-2004).
Como se nota, no Rio Grande do Sul, o liberalismo ainda faz pouco verão. Mas é bom que seja entusiasmado.
De volta ao salvador da pátria
Doria, como vimos, em seu discurso, afirmou que Lula não é o “salvador da pátria”. E não é mesmo.
Doria, como vimos, em seu discurso, afirmou que Lula não é o “salvador da pátria”. E não é mesmo.
Aí leio na Folha:
Quatro garotos eram os primeiros da fila. Com idades entre 14 e 18 anos, disseram que votarão em Doria para presidente em 2018, se ele for candidato. Caso Doria não seja candidato, estão divididos entre o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o empresário Roberto Justus. O estudante de direito Breno Gallo, 18, votaria em Bolsonaro como segunda opção, mas não o considera suficientemente liberal: “ele tem ideias protecionistas para a economia”. Já os colegas disseram simpatizar com as ideias de Justus, mas ainda têm esperança de que Doria possa concorrer: “ele é mais experiente”, disseram
Quatro garotos eram os primeiros da fila. Com idades entre 14 e 18 anos, disseram que votarão em Doria para presidente em 2018, se ele for candidato. Caso Doria não seja candidato, estão divididos entre o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o empresário Roberto Justus. O estudante de direito Breno Gallo, 18, votaria em Bolsonaro como segunda opção, mas não o considera suficientemente liberal: “ele tem ideias protecionistas para a economia”. Já os colegas disseram simpatizar com as ideias de Justus, mas ainda têm esperança de que Doria possa concorrer: “ele é mais experiente”, disseram
Bolsonaro? Justos? Mas melhor João Doria?
Entendi.
A direita quer um “salvador da pátria” — o seu…
“Ajuda Luciano”! (por REINALDO AZEVEDO).
Fonte: O Estado de S. Paulo
Resta saber se em 2018, vereadores e prefeitos que apoiaram estes usurpadores do dinheiro público ainda se astreve a apoiarem estes canalhas novamente!
Comentários